O senador Alessandro Vieira (MDB-SE) protocolou, nesta quinta-feira, 6, o requerimento para a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado, que investigará a atuação de facções criminosas e milícias no Brasil. A CPI, que foi protocolada com 30 assinaturas, sendo 27 o número necessário para sua instalação, tem o apoio do presidente do Senado, Davi Alcolumbre.
A iniciativa busca aprofundar a apuração sobre a expansão do crime organizado, que vem aumentando sua influência em diversos estados, impactando a segurança pública e a economia do país. A CPI deverá investigar o funcionamento e o financiamento dessas organizações, além de propor medidas legislativas para o combate mais efetivo ao problema.
Segundo Alessandro Vieira, a criação da CPI é um passo essencial para enfrentar a crescente ameaça das facções criminosas. “A crise na Segurança Pública é provavelmente o maior problema nacional, com impactos negativos em todos os aspectos da vida dos brasileiros. É preciso dar voz aos profissionais que efetivamente trabalham no combate ao crime organizado, compreender com precisão os mecanismos de atuação de facções/milícias e desenvolver estratégias eficientes para o enfrentamento do crime”, afirmou o senador.
Os dados são alarmantes. O Brasil registrou 47,3 mil mortes violentas intencionais em 2022, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, resultando em uma taxa de 23,3 homicídios por 100 mil habitantes. Estados como Amapá, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Amazonas figuram entre os mais violentos do país, com índices superiores à média nacional. O Brasil é um dos 20 países mais violentos do planeta, de acordo com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).
Além da violência direta, as facções criminosas lucram com o tráfico ilegal de drogas, principalmente maconha e cocaína. A estimativa é de potencial faturamento de R$ 335 bilhões pela venda de cocaína para a Europa, se toda a droga que passa pelo Brasil fosse exportada ao continente.
Outro ponto que será investigado pela CPI é a atuação das milícias, que dominam territórios e impõem taxas ilegais a moradores e comerciantes. No Rio de Janeiro, a maior milícia do país, conhecida como Bonde do Zinho, controla grande parte da Zona Oeste e possui um arsenal de guerra, com armamento semelhante ao utilizado por forças militares.
Para Alessandro Vieira, a CPI terá um papel essencial na construção de soluções para o enfrentamento ao crime organizado. “As facções criminosas e as milícias expandiram sua atuação sem que houvesse uma resposta coordenada e eficiente do Estado. Não podemos continuar assistindo à escalada da violência e ao fortalecimento do crime sem reagir. Essa CPI será uma oportunidade para aprofundarmos investigações, expor o funcionamento dessas redes e propor mudanças legislativas que cortem o fluxo financeiro dessas organizações e fortaleçam a segurança pública no Brasil”, afirmou o senador.